Este Grupo de Trabalho tem como escopo debater a complexidade das relações entre o Estado e a constituição do “urbano” na contemporaneidade. Em tempos de globalização e tecnificação espacial em moto-contínuo, a produção do espaço urbano oferece um importante objeto analítico: a ação do Estado, em seus diferentes aportes institucionais e local-regionais, na atual reestruturação (sócio-) espacial das cidades, através dos diferentes ritmos de desenvolvimento técnico-produtivo, de políticas públicas multifocais [da questão da terra para habitação às exigências corporativas atuais de apropriação do espaço] e das resistências políticas a estas ações e processos de gentrificação.
Na atual financeirização ostensiva, o Estado adequa-se continuamente às mutações da realidade político-econômica, articulando sua forma neoliberal – ainda que a estética de um mercado autorregulatório não consiga ocultar a transmissão de dividendos e benefícios ao capital – com o fortalecimento de suas ações (mesmo que alicerçadas em parcerias público-privadas), que tem implicado em novos investimentos no urbano, através de grandes projetos em diversas esferas como habitação, logística produtiva e mobilidade urbana. Junto a isso, há também uma mudança na relação com o território, que extravasa o campo epistêmico-conceitual e atravessa a própria noção de poder, soberania, escala e identidade. Novos territórios e produtos imobiliários emergem a partir desta nova relação entre Estado, urbanização e capital corporativo.
A intenção desde Grupo de Trabalho é congregar pesquisadores que ofereçam estudos de diferentes realidades de gestão urbana a pensar as ações articuladas entre o Estado e o capital corporativo, que impõem aos usos e apropriação dos territórios a necessidade constante de readequação estrutural, envolvendo desde investimentos em logística, energia e mão de obra às atuais mudanças no tripé empresa-trabalho-moradia, em políticas urbanas de planejamento estratégico, com requalificação, revitalização e reordenamento das cidades. São bem-vindos trabalhos que coloquem em pauta o jogo político – o que implica na análise da conjugação entre interesses, projetos e ações –, e que conformem estratégias e práticas espaciais estabelecidas pelos grupos hegemônicos para a manutenção do poder e de resistência a esses processos.
Sem dúvidas, no horizonte deste Grupo de Trabalho emerge a intenção de se pensar o desenvolvimento, este meta-conceito que é processo, condição e fim, em diferentes escalas de tempo e espaço. A atual urbanização, marcada por meganegócios, empreendimentos corporativos, citymarketing e estratégias público-privadas desde a raiz, é resultado do modelo de desenvolvimento em curso, com matizes políticos, econômicos, sociais e espaciais que ainda requerem maior esclarecimento. Neste campo, entre ideologias e utopias, apontar possibilidades de governança democrática e gestão participativa torna-se uma exigência para todos aqueles que objetivam construir criticamente novas formas de produção do espaço urbano.
Grandes temas:
Empreendedorismo / Megaeventos
Questão habitacional / Desenvolvimento social
Arranjos institucionais / Gestão
Financeirização / Planejamento Corporativo
Grandes projetos urbanos