GT-6: Território e ativismos sociais urbanos

Se por “território” entendermos o espaço geográfico em sua faceta explicitamente política (ou, mais precisamente, uma projeção espacial das relações de poder), e se compreendermos os “ativismos sociais” como um ou mais grupos sociais que se articulam para questionar determinadas características de uma dada sociedade, reivindicar direitos e, eventualmente, exigir mudanças profundas − caso em que estaríamos lidando com um tipo particular de ativismo, os movimentos sociais em sentido forte −, então é evidente que território e ativismos sociais referem-se a conceitos que deveriam andar, desde sempre, interligados. Nem sempre tem sido assim na Geografia, devido a uma fixação no Estado, o que levou tanto a um estreitamento do conceito de território (como se “território” e “território estatal” fossem sinônimos) quanto a um reduzido interesse em tematizar o papel, a dinâmica e, obviamente, a geograficidade dos ativismos sociais.

​O objetivo deste grupo de trabalho é dar continuidade a um esforço que já vem ocorrendo há algumas décadas, no exterior e também no Brasil, para valorizar o estudo da produção social do espaço a partir de uma perspectiva que valorize as ações desses sujeitos coletivos que são os ativismos sociais. Certamente, não apenas movimentos em sentido estrito (caracterizados por um significativo grau de ambição, senso crítico e sentido estratégico) podem ser considerados, nesse contexto; formas e organizações de ativismos “puramente reivindicativos” ou voltados para intervenções de cunho sociocultural podem e devem ser levadas em conta, a partir de uma abordagem cultural e política das interfaces entre ativismos sociais e as manifestações da cultura popular no cotidiano da cidade contemporânea, ativismos que mobilizam diferentes agentes e grupos na produção do espaço urbano, articulando linguagens e códigos que abarcam escalas as mais diferenciadas, variando do local ao global. Afinal, as fronteiras entre tais ativismos e os movimentos em sentido forte são muitas vezes fluidas e complexas, e as transformações de uns em outros são, em si, um tema de grande importância, ainda que controvertido. Analogamente, é claro que, para além do “território”, outros conceitos geográficos podem e devem ser convocados a prestar sua contribuição: lugar, escala e “política de escalas”, rede etc.

​Serão bem-vindos tanto estudos empíricos (mas sempre bem lastreados conceitual e teoricamente) quanto reflexões teóricas (mas sempre solidamente informadas pela realidade concreta, além de alicerçadas em um consistente domínio da literatura existente).

 

Coordenadores: 
Glauco Bruce Rodrigues [UFF]; Marcelo Lopes de Souza [UFRJ]; Angelo Szaniecki Perret Serpa [UFBA].

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