GT-7: Produção do espaço urbano numa perspectiva critica

O momento atual da história revela o espaço como fundamento do processo de reprodução social capitalista, o que aponta não apenas para seu papel como condição geral de produção, mas para o fato de que ele se torna um setor importante do processo de acumulação. Para que a reprodução se realize, todo o espaço da vida é mobilizado, destruído e reconstruído, inserindo-se como parte do movimento abstrato de financeirização da economia, constituindo-se num campo aberto a novas possibilidades para a acumulação. A produção hegemônica do espaço, assentada na propriedade privada, tem como sentido garantir o processo de acumulação seja através da valorização e ou da especulação.

Todavia, o espaço é também, e sobretudo, o lugar da reprodução da vida em sua dimensão plena e, neste sentido, revela necessariamente os conflitos e as contradições da reprodução social, uma vez que o domínio sobre o espaço se confronta cada vez mais com as necessidades e possibilidades de uso e apropriação. Estes conteúdos revelam uma dimensão da crise urbana e ganham visibilidade nas grandes cidades, através das estratégias e manifestações de diferentes movimentos sociais. As segregações e privações são um conteúdo intrínseco deste processo, de modo que se pode dizer que as lutas sociais são lutas pelo espaço, pela apropriação.

A produção e reprodução ininterrupta da realidade urbana coloca enormes desafios à reflexão teórica e à pesquisa empírica. Por isto um dos propósitos deste GT é o de analisar a realidade urbana em seu movimento contraditório,  enfocando os conteúdos que explicitam a desigualdade vivida concretamente, contribuindo para o desvendamento da produção contraditória do espaço urbano contemporâneo, a partir da investigação da realidade brasileira.

Restam como questões:

a)      Se uma teoria urbana crítica visa a superação da fragmentação do pensamento, como a geografia, como disciplina parcelar, superaria esta condição atentando para os conteúdos, contradições, limites e possibilidades iluminadas pelo processo de produção do espaço urbano atual e buscando a compreensão da realidade socioespacial em sua totalidade dialética?

b)      Quais são os momentos da análise socioespacial capazes de revelar e mobilizar essa noção de totalidade contraditória? E como eles podem ser capturados?

 

Coordenadores: 
Ana Fani Alessandri Carlos (USP); Danilo Volochko (UFPR); Glória da Anunciação Alves (USP); Rafael Faleiros de Padua (UFPB).

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