GT-9: A produção do urbano: abordagens e métodos de análise

Enquanto conceito, o urbano atribui a uma palavra, que não é nova, um sentido preciso. Mais que isso, ele anuncia o novo.

Historicamente, o urbano não se encontra na seqüência da aldeia, da vila, da cidade. Embora nelas existisse virtualmente. Será preciso a industrialização, pela qual essa particularidade histórica que chamamos de capitalismo efetivamente se universalizou tragando tudo e todos em suas tramas reprodutivas, para que o urbano se produza enquanto possibilidade concreta. Será preciso que as cidades, os berços da criação por excelência das obras que distinguem os homens na natureza, deixassem de figurar elas próprias como obra eminente, como um atestado de que o homem se levantou de sua animalidade, para se transformarem não apenas nos lugares onde se acumulam tudo e todos.

Como conceito, o urbano não designa a cidade. Ao contrário: ele nasce com a sua explosão-implosão. Portanto, não cabe falar de uma crise do urbano, porque o conceito designa precisamente essa situação crítica, que nos desafia a criar novas obras. Ele implica uma estratégia bifronte, para o conhecimento e para a ação.

Tomado em sua amplitude e complexidade, convém interrogar o urbano tendo em conta os conhecimentos científicos que lhes são aportados. Sem abdicar do concurso da filosofia. Porém, cada ciência especializada dele faz um recorte, demarca um domínio que procura estabelecer como sua propriedade, cercando-o com seu cabedal teórico-conceitual e metodológico, desprezando o que lhe escapa, o que supostamente não lhe concerne numa dada divisão intelectual do trabalho.

Ver e explorar o urbano, esse campo cego, exige um outro olhar, diferente daquele formado e deformado pela prática e teoria da industrialização. É bem de uma revolução urbana, no pensamento e na prática, que se trata. Para o pensamento, o método concernente à formulação do urbano enquanto conceito parte do utópico, daquilo que está contido em germe na realidade, para examinar o atual e o realizado, para reinterpretar e ressignificar passado, presente e futuro segundo outra inteligibilidade do real. Em torno de um novo objeto e orientadas nessa perspectiva se definem o horizonte e o ponto que reúnem as linhas paralelas, as ciências parcelares que deles se encontram à contracorrente.

Como proposição, buscamos enfrentar simultaneamente esse debate e desafio da realização de novas abordagens para o urbano que busquem dar conta do seu sentido prático-teórico e da virtualidade da sociedade urbana.

 

Coordenadores: 
Odette Carvalho de Lima Seabra (USP); Sergio Martins (UFMG); Márcio Piñon de Oliveira (UFF); Amélia Damiani (USP); Flávia Elaine da Silva Martins (UFF).

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